À LIBERDADE E DIGNIDADE HUMANA
À LIBERDADE E DIGNIDADE HUMANA
Não existem duas pessoas exatamente iguais na face da Terra. Há pensamentos semelhantes, é claro. Mas essa semelhança é carregada de diferenças, oriundas de sua formação… todos nós, sem exceção, recebemos informações além berço… muito de nossas convicções vem de gerações anteriores à nossa, numa cadeia por vezes difícil de se romper…
Quando ainda crianças, além de recebermos a influência da família, também acabamos por agregar aos nossos costumes as ideias vigentes do núcleo social ao qual estamos inseridos. E essas ideias ficam arraigadas no grupo, suas normas se tornam leis não escritas, sendo acatadas por toda a comunidade…
Infelizmente tradição não significa, de forma alguma, bom senso. Certas diretrizes, que deveriam se perder nas brumas do tempo, estão tão arraigadas no cotidiano das pessoas, que estas tem dificuldade em reconhecer quão tóxicos certos costumes são…
Nosso problema é que somos avessos a mudanças. Por menor que seja, até que aceitemos uma nova maneira de ver o mundo, muito tempo acaba se passando. Alguns costumes levam anos para serem modificados. Outros, décadas…
A melhor maneira de alcançarmos esse intento seria a reeducação das novas gerações. O problema é que, a menos que a semente das mudanças já tenha sido implantada nos adultos responsáveis pela formação das crianças em questão, elas copiarão a forma de agir de seus modelos…
Vários são os preconceitos que afetam nossa formação. Desde a famosa “guerra dos sexos”, onde o machismo é um cancro difícil de extirpar, até o preconceito contra qualquer diferença que exista dentro de um grupo… o preconceito racial é uma destas “diferenças” entre as pessoas, mas não a única…
A sociedade, como um todo, não aceita que diferentes linhas de pensamento coexistam em um mesmo núcleo. Certas ideias são consideradas abomináveis e algumas atitudes, condenáveis por todo o grupo, mesmo que, no reservado, sejam praticadas por aqueles que as condenam…
Vivemos uma Sociedade de fachada, onde é mais importante aparentarmos agir de acordo com as normas que realmente fazê-lo. Somos hipócritas, infelizmente. Pregamos uma conduta e, em nossa intimidade, costumamos praticar exatamente aquilo que condenamos…
Entre as várias discrepâncias por nós vividas, sem dúvida uma delas é a religião. Não importa qual seja a linha de pensamento, o principal mandamento de todas elas é respeitar e amar a todos aqueles que caminham ao nosso lado… mas tal acaba não ocorrendo na prática. Aliás, é comum condenarmos nossos semelhantes por seguirem uma linha religiosa diferente da nossa… afinal, somente nosso deus é o verdadeiro…
Outra conduta imoral é, sem dúvida, a manipulação de um grupo para que outro possa acumular posses das quais não necessita. A cobiça é de tal forma um mal tão inculcado em determinados grupos que não veem nenhum mal em deixarem pessoas passarem necessidade para acumular riquezas que em realidade não lhes servirá para nada…
A ganância faz com que alguns elementos não se importem em considerar aqueles que estão vivendo sua vida em paz sejam expulsos de sua morada pelo simples prazer de tomar posse daquilo que um dia lhes pertenceu…
As armas usadas para tal intento? Várias. A cooptação de “massa de manobra”, pessoas que, mesmo não tendo nenhuma participação quando o butim for repartido se entregam de corpo e alma na empreitada que só lhes trará como recompensa a sensação de ter feito algo de útil, mesmo que tal não tenha sido…
E o que leva alguém a tal ponto? Principalmente o desejo de sentir-se importante, superior à maioria das pessoas. E assim, sem perceber este se torna um “agente de influência”, promovendo os interesses escusos daqueles que estão à frente do grupo em questão…
Felizmente há almas iluminadas, combatendo esse estado de ignorância ao qual o mundo está mergulhado. A luta por direitos das minorias, mesmo quando essas são em realidade maioria, é a bandeira daqueles que compreendem que nesse mundo somos todos iguais, independente de sexo, gênero, raça, religião. Todos temos o sangue da mesma cor, todos sentimos fome e sede. E deveríamos não nos digladiar, tentando provar ser melhores que os outros… mas procurar repartir o pão com os famintos, o cobertor com os desvalidos…
O mundo tem apenas uma raça humana vivendo… não importa sua etnia. Não importa suas crenças. Não importa seus preconceitos. Ao tirarmos todas as diferenças que colocamos voluntariamente entre as pessoas sobra apenas isso… indivíduos que, despidos de seus preconceitos, serão iguais. O problema é alcançar tal patamar…
Conseguiremos algum dia alcançar tal intento? Talvez… mas muito trabalho há de ser feito, visto que as diferenças ainda grassam pelo nosso pequeno mundo… no dia em que todos nos conscientizarmos que somos realmente irmãos, e deixarmos a ganância, a inveja e outros sentimentos negativos de lado, então viveremos em paz. No dia em que compreendermos que somos todos livres, que nenhum ser humano é propriedade de outro, estaremos caminhando finalmente rumo à paz…
Tania Miranda – Brasil – 09/12/2025
Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…