SOMOS REFLEXO DE UM SER MAIOR…

A vida é complicada. Embora sejamos independentes na teoria, não é bem assim na vida real. Existem regras que precisamos respeitar, e mesmo quando conseguimos quebrar alguns paradigmas temos que ter o bom senso para não avançar além do permitido. Cada ser humano é um Universo à parte, mas como os prótons e elétrons que dão origem a um átomo que unido a outros formará um elemento, assim somos nós nesse imenso espaço em que vivemos…

Estamos cercados de princípios. São leis não escritas, mas nem por isso nos é permitido ignorá-las. Sim, cada sociedade tem suas diretrizes e estas norteiam a conduta de cada elemento. Embora possamos tentar alterar o roteiro de nossa caminhada, nem sempre isso é realmente possível. Afinal, o mundo é cheio de variáveis e geralmente não estamos prontos para assumir as consequências advindas de determinado ato por nós cometido…

Um conceito nada simples de entender é aquele que diz que a liberdade de cada um vai até o ponto em que o direito do outro se inicia. Por ser uma ideia abstrata, muitas vezes não percebemos o momento que invadimos o espaço alheio. E isso, por mais que tenhamos boas intenções, acaba gerando um sentimento de desconforto, onde mesmo involuntariamente acabamos por colocar em xeque nosso posição…

Como eu disse, há normas que regem as relações sociais. Cada passo que damos tem suas particularidades. Ninguém é, de fato, “dono de seu nariz”, como se costuma dizer. Claro, estabelecemos limites e por vezes não aceitamos que outros os ultrapassem… mas, como eu disse, “por vezes”… ou seja, tem momentos em que não temos como impedir essa invasão, e os motivos que a permitem são múltiplos…

Talvez o problema seja nossa necessidade de participar de grupos. Não nos é possível viver isolados. Isso desde que chegamos a esse plano. Na realidade, não somos auto suficientes. Precisamos da colaboração de nossos iguais para conseguir avançar em nosso destino. E isso se inicia em nossa primeira infância. Pense bem… se os seus genitores não tivessem te acolhido e cuidado de suas necessidades quando você aqui chegou, você não sobreviveria. Claro que estou sendo extremada em minha observação, mas tal se repete ao longo de nossa vida. Do inicio ao final…

Costumamos nos enganar repetindo a nós mesmos que não precisamos de ninguém em nossa vida. Mas tal não reflete nossa realidade. Uma pessoa isolada socialmente estará sujeita à não existência. E por que? Simples… se ninguém caminha ao meu lado, se não estou inserida em alguma comunidade, simplesmente não existo… estarei vegetando, fadada a deixar de existir de um momento para o outro… porque, para o mundo eu simplesmente não existo…estranho, não é?…

Não por outro motivo, muitas vezes abrimos mão de nossas convicções. Porque elas vão de encontro àquilo que a comunidade à qual estamos inseridos considera aceitável. E nesse caso teremos apenas dois caminhos… aceitar a exclusão do grupo ou nos enquadrar… e mesmo que tal aceitação nos cause sofrimento, seja ele físico ou mental, seguiremos as diretrizes que alguém definiu como o destino daquela sociedade…

A  multiplicidade do ser humano é necessária para que possamos evoluir enquanto espécie. Porém, quebrar paradigmas e aceitar uma visão diferente daquela que nos ensinaram a seguir não é uma tarefa simples. Porque nosso instinto procura sempre o caminho que a espécie considera mais seguro para o todo. O indivíduo é apenas um recurso à disposição do bem maior. E vencer essa ideias, colocando a felicidade individual como meta de cada um não é um caminho simples, nem fácil de seguir…

Tania Miranda  –   Brasil  –   03/12/2025