ANTES SÓ…
A solidão é um estado de espírito. Por quê? Simples… você pode estar rodeada de pessoas e, mesmo assim, sentir-se solitária. Porque é algo que vem de dentro de sua alma. Simplesmente não se sente conectada com as pessoas que gravitam à sua volta. Sente-se deslocada. Não raro, não se sente a vontade quando no meio de uma multidão. Porque essa te dá medo…
Parece exagero? Infelizmente, não é. Embora seja meio radical falar assim, em alguns casos a pessoa solitária não o é por seu desejo, mas sim por uma série de circunstâncias… ela simplesmente não se sente pertencente ao grupo no qual está inserida. Não há nenhuma conexão entre ela e seu grupo social. Não importa qual o nível deste. Afinal, não raro, você se sente desconectada de sua própria família…
Provavelmente o Transtorno de Ansiedade Social se inicia no seio familiar. O medo do julgamento de seus iguais, que na verdade não são tão iguais assim, faz com que a pessoa se isole do grupo, se fechando em seu próprio mundo particular. Ela começa evitando ao máximo situações onde a comparação entre as pessoas seja algo corriqueiro… a sua auto confiança está sempre no patamar mais baixo….
O TAS, ou Fobia Social, causa ansiedade intensa em situações sociais. A pessoa sente-se deslocada, não consegue conectar-se com as outras ao seu redor. A primeira vista podem até mesmo pensar que esta é tímida, porem, tal estado difere-se da timidez por ser uma condição crônica, debilitante, que causa limitações e sofrimento, pois a pessoa tem medo de ser rejeitada, humilhada… mesmo que tal situação não ocorra, sua fobia a impede de ver o mundo com outros olhos…
Como eu disse, uma pessoa com TAS tem medo de qualquer julgamento e, por isso, isola-se de qualquer grupo que exista a sua volta… quando tal não é possível, uma ansiedade intensa toma conta de seu ser, causando tremores, palpitação, gagueira… na primeira oportunidade que encontra, ela procura fugir da situação que lhe causa desconforto…
Claro, nem toda pessoa que evita multidões sofre de TAS. Em alguma situações mesmo as pessoas ditas “normais” fogem de algum evento social. Por algum motivo pontual, se isolam do resto do grupo. A diferença é que este é um comportamento isolado, em algum momento delicado em sua existência. É seu momento de reflexão…
Na realidade, não podemos nomear esse momento de “solidão”, e sim de “solitude”… e por que? Bem, é que cada termo corresponde a um estado de espírito diferente. Enquanto “solidão” é um sentimento de isolamento, de desconexão com seu grupo social, a “solitude” é aquele momento em que você precisa se isolar para refletir, pensar sobre algo… é o momento da conexão com seu “eu interior”…
Não raro, uma pessoa solitária passou por uma situação pessoal de desconexão, sentiu-se excluída de um grupo social, há um desiquilíbrio entre as relações sociais desejadas e as existentes…claro, isso dá margem para mil interpretações diferentes. Então, vamos simplificar… um casal está já a algum tempo junto, dividindo seu destino, seguindo a mesma estrada. De repente um dos pares resolve quebrar essa corrente e cada um deverá seguir seu rumo… dependendo do grau de afinidade que havia entre os dois, o membro rejeitado entrará em um estado de negação tal que, dependendo do momento, terá dificuldades em se recuperar da queda…
É claro que há situações e situações. Dependendo do grau de rejeição que a pessoa sentiu, ela poderá tanto não dar importância ao evento pelo qual passou como poderá cair em um estado de tristeza profunda, chegando à porta da Depressão…
Todos nós, em um momento ou outro de nossa vida, nos sentimos deprimidas. É natural. Afinal, a vida não é um mar de rosas, onde tudo sempre se encaixa da forma mais natural do mundo. Temos nossos problemas diários, e cada um deles nos apresenta um novo problema, que necessita de resolução imediata, sob pena de tal problema crescer tanto que nos parecerá não ter solução…
Há várias causas para uma pessoa sentir-se deprimida. Decepção amorosa, problemas com o emprego, problemas familiares… de todos os tipos de problema que existem, o mais delicado, sem dúvida, é o familiar. Afinal, é ali que estão as raízes do sujeito. E se estas raízes não estão saudáveis, provavelmente o elemento cairá. Pode demora, é claro. Mas ele cairá. E sua recuperação será difícil…
Na adolescência costumamos confrontar nossos pais, afinal eles tem suas convicções sobre a vida e nós estamos agregando conhecimentos sobre tal matéria, e nossas descobertas divergem daquilo que nos foi ensinado. Batemos de frente com nossos genitores, muitas vezes apenas para provar que nós estamos certas e eles errados. É uma situação que podemos até mesmo vencer…
Quando nossa reação frente as tradições familiares é divergente… divergente de verdade, sem chances de reconciliação, podemos ser expulsas de nosso grupo. E então a sensação de abandono, de não pertencimento, se acentua. Eé nesse momento que o fantasma da depressão procura se aproximar de nós…
Claro, em algumas situações o velho adágio que diz que “antes só do que mal acompanhado” traduz com exatidão o momento que vivemos. Mas na maioria das vezes não é o caso. Então, observemos todos os membros de nossos grupos sociais e, se identificarmos alguém que passa por uma situação de solidão e não solitude, estendamos-lhe a mão. Essa pessoa necessita de colo, de carinho. Assim como nós poderemos passar, um dia. E com certeza, gostaríamos muito que alguém nos estendesse a mão e nos afastasse do abismo debaixo dos nossos pés… nem toda pessoa solitária está deprimida, mas com certeza toda pessoa deprimida está solitária… cabe a nós perceber as nuances dessas diferenças e ajudar nossos irmãos a voltar para o Mundo Iluminado que está ao nosso redor…
Tania Miranda – Brasil – 17/09/2025

Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…
