LEMBRAR DE NOSSOS BONS MOMENTOS PASSADOS É VIVER
Não sei se já comentei alguma vez, mas quando petiz, fui alfabetizada com histórias em quadrinhos e fotonovelas. Livros entraram em minha vida bem mais tarde, quando eu contava já com onze anos. E o primeiro livro que lí não foi nenhum clássico da literatura, seja ele infantil ou universal. Não. O primeiro livro que li, que me fez viajar pela imaginação foi um livro de bolso de faroeste, muito em voga na época. Não lembro o nome do autor, mas o título era “Os mortos podem esperar”…
Foi meu inicio no mundo da literatura, sendo por muito tempo consumidora voraz dos bolsilivros, principalmente da Editorial Bruguera. Haviam outras editoras que publicavam esses livretos, mas não me lembro de seus nomes. E nem mesmo é assim tão importante. O que quero dizer é que muitos dos leitores de hoje se iniciaram nesse mundo tão belo através de romances publicados em formatos palatáveis, com um preço acessível e histórias que prendiam a gente da primeira à última página…
Haviam histórias para todos os gostos…western (que era moda nessa época), espionagem, terror e romances açucarados. Sempre optei pelos westerns, que não deixavam de ser histórias românticas, com muita ação e emoções fortes. E, no final, o mocinho sempre salvava a donzela do perigo que a ameaçava. E, embora não estivessem essas palavras registradas no final da história, o casal vivia feliz para sempre, como nos contos infantis…
Sim, a gente imaginava o final que quisesse para a história em questão. Afinal, após a palavra fim quem determina como a história realmente acaba… ou prossegue… é o leitor. E a gente imaginava nosso próprio final da novela, se o que estava escrito não nos agradasse…
Um dos autores mais constantes nas bancas de revistas era o Marcial Lafuente Estefânia. Houve época em que publicava três séries simultaneamente… e todas eram aventura de alto nível… nós simplesmente adorávamos. Claro que o nome do autor realmente não era esse, mas nunca tive curiosidade em pesquisar seu nome real…
Uma série que fazia muito sucesso na época, além dos faroestes, era sobre espionagem. A personagem era Brigitte Montfort e essa James Bond feminina sempre se metia em altas enrascadas e sofria muito para conseguir resolver seus casos. Não lembro o nome do autor da série, mas posso dizer que ela era ótima. Aliás, na década de setenta as série de espionagem e agentes secretos era uma febre entre os leitores, principalmente de fotonovelas e histórias em quadrinhos. A Editora Vecchi tinha vários títulos que fizeram muito sucesso na época, destacando-se entre eles Jacques Douglas, o agente Z7 (nada a ver com James Bond, não é mesmo? Até a sonoridade do nome era semelhante…) Lucky Martin, um repórter investigativo que volta e meia se envolvia em casos de espionagem, Jennifer, a loura fatal que simplesmente encantava seus inimigos e Irmã Angélica, uma freira nada convencional que sempre se via envolvida em casos escabrosos e tinha que resolvê-los… claro, haviam outros títulos na época, mas esses são os que me lembro. Foi um momento muito bom, quando a leitura era acessível a todos, pois ainda não havia sido gourmetizada… hoje as publicações tem um preço exorbitante, tornando proibitivas as sua aquisições. E, em consequência, as pessoas acabam por abrir mão deste passatempo tão gostoso que é a leitura em todas as suas frentes…
Claro, existem outras plataformas onde você consegue acessar um livro ou uma revista… mas não é a mesma coisa… acabou a magia. Acabou aquela ansiedade de você chegar na banca de jornais e ficar procurando, no meio de tantas opções, o seu título favorito…
Sim eu sei… isso é saudosismo… estou ficando velha. E sei que, daqui a alguns anos, as crianças dessa época também se lembrarão de suas preferências com saudades. Mas assim é a vida, não é mesmo? Seguimos sempre em frente, mas não tiramos os olhos do retrovisor…
Tania Miranda 21/05/2025

Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…
