O CICLO DA VIDA
A pior sensação que sentimos é quando um de nossos filhotes deixa nosso ninho, para alçar voo com suas próprias asas. Aquele nosso filhotinho tão frágil e tão querido por nós, depois de muito ensaiar, decide que é hora de tornar-se independente… e procurar seu próprio futuro…
Quando nosso filho nasce… pequeno, frágil… somos seu centro do mundo. Somos suas heroínas. E nos realizamos cuidando daquele ser que roubou nosso coração. Seu sorriso meigo simplesmente nos conquistou por completo e não conseguimos nos ver longe de nosso bebê… temos consciência de que um dia ele nos deixará, mas simplesmente não pensamos nisso…
Cuidamos de sua caminhada por este mundo, tentamos protegê-lo das intempéries do tempo… dedicamos-lhe toda nossa atenção, pois ele é nosso tesouro, é o Amor de nossa vida. E na medida em que lhe ofertamos nosso Amor, ele nos retribui. Sim, é maravilhoso… estamos ao lado do ser que mais amamos no mundo, e agradecemos a Deus todos os dias pelo presente que nos concedeu…
Mas o tempo vai caminhando e nosso pequeno vai conhecendo outras facetas da vida… novas experiências, novos amigos… e um dia descobre o amor… se apaixona e em seu primeiro romance, as primeiras tentativas de alçar voo. Ainda não chegou o momento, e quando tudo parece desmoronar, fica quietinho em um canto, amuado… e lá vamos nós, acolhê-lo, protegê-lo sob nossas asas…
Não podemos livrá-lo das provas amargas pelas quais vai passar. São momentos que ele deve viver, pois a vida é feita de experiências, boas e ruins. Mas como gostaríamos de poder protegê-lo e evitar que se machuque nas quedas que levará na vida. Mas não temos esse poder…
Finalmente nosso filhotinho conhece seu par ideal. O ciúme toma conta de nosso ser, procuramos encontrar defeitos naquele/naquela que nosso bebê escolheu para dividir seu destino. Quando, vencidas pelas evidências, chegamos à conclusão de que nada desabona a pessoa escolhida, a acolhemos como parte de nossa família… mesmo não gostando da ideia de que essa pessoa está roubando o amor de nossa vida…
Então, um dia, nosso rebento simplesmente nos comunica que é chegada a hora da despedida. Sorrimos como se estivéssemos felizes com a situação. Não estamos, mas não podemos tolher seu direito de seguir a própria vida. Desejamos, no fundo do coração, que seu voo ao lado da pessoa escolhida seja tranquilo. Mas aquela sensação de vazio em nossa alma jamais desaparecerá, e cada vez que nosso filhotinho enfrenta turbulências, nosso coração sangra de desespero por não mais poder acolhê-lo, ajudá-lo… pois nosso tempo já passou e tudo que podemos, agora, é pedir que o Altíssimo proteja e guarde nosso filhotinho…
Tania Miranda 20/12/2024
Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…