À BEIRA DO ABISMO
Quando nos vemos sem rumo a seguir, sentimos como se o solo nos faltasse. É como se por muito tempo estivéssemos na beira do abismo e, de repente perdêssemos o equilíbrio, voando em queda livre até o solo. Tentamos nos agarrar à esperança de que deteremos a queda, mas pouco a pouco o fim de nossa jornada se aproxima. O mundo desaba sobre nós, e a respiração fica pesada, difícil…
A primeira reação, quando nosso mundo se transforma, é a incredulidade. Como foi que chegou a esse ponto? Onde me perdi, porque não percebi o que ocorria a minha volta? São perguntas que nos fazemos, para as quais não temos respostas. Elas existem, estão à nossa frente, mas simplesmente não as percebemos…
Aquele mundo maravilhoso, no qual estávamos inseridos, não mais existe. A Luz se fez Trevas e não conseguimos vislumbrar uma saída. Ela existe. Porém, a dor que nos acomete nos impede de compreender a extensão do que estamos passando e os caminhos de fuga que poderíamos seguir…
Muitos dependiam de nós e nós dependíamos destes. É uma simbiose onde a troca é necessária para nos sentirmos vivos. Felizes, talvez… em um futuro. Que por mais próximo que esteja, nos parecerá muito distante… porque estamos imersos na Escuridão…
Nosso coração está mergulhado na mais intensa tristeza, por nós e por aqueles que sofrem conosco. Como gostaríamos de afastar de nossos lábios esse cálice amargo, que a vida insiste em nos fazer sorver…
Pequenos sinais nos foram enviados. A vida nos mandou avisos constantes. Mas não os percebemos. Tudo ruia a nossa volta como um castelo de areia. Tudo parecia perfeito… o sorriso da pessoa querida, o calor de toda a família… o riso inocente das crianças…
Sim… não percebemos, mas aquele sorriso era um aviso de que algo não estava bem. E quando, por motivos fúteis, começamos a discutir coisas que não tinham relevo algum, a luz de alerta não acendeu. Quando percebemos, estávamos com a mala arrumada, rumo ao desconhecido, deixando uma vida onde fomos felizes…
A vida é feita de escolhas. E essas escolhas tem um preço. O mundo não permite que sejamos nós mesmas, temos sempre um preço a pagar. Ou somos honestas com nossa essência ou continuamos representando um papel que já não é nosso. Mas quando atingimos esse estágio, recuar e representar aquilo que o mundo deseja não nos salvará do abismo… apenas continuaremos a esperar o momento da queda…
Seria bom se tudo fosse como sonhamos. Mas o mundo é assim… aquilo que é meu porto seguro não é, de forma alguma, o mesmo para a pessoa que caminha ao meu lado. Porque, assim como eu, ela também tem seus sonhos, suas aspirações. Que um dia coincidiram com as minhas, mas em um determinado momento tomaram outro rumo. E de repente me vejo perdida, sem saber o que fazer. Levo minhas lembranças, são o tesouro que ninguém pode me tomar. E levo a esperança de conseguir vislumbrar novamente a Luz que neste momento tanta falta me faz…
Tania Miranda – 01/12/2024
Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…