A Favela fora da sala de aula
A Educação, um dos pilares para uma sociedade melhor, só é prioridade em época de período eleitoral e só serve de motivo para manobra política. Mas a verdade é que desde que eu me entendo por gente o professor luta por melhores condições de trabalho, melhores salários e nada mudou, os números da educação são cada vez piores.
O que na minha visão traz mais igualdade de oportunidades para todos os brasileiros não é levado a sério durante mandatos pela maioria da nossa classe política.
Se pegarmos os números do Pisa pré-pandemia, 70% dos brasileiros se enquadram no nível 1, onde jovens não conseguem ler e escrever direito, e não sabem fazer conta corretamente. Destes 70% de brasileiros, 80% são negros.
No nível 6, pessoas que dominam português e matemática, apenas 4,3% dos brasileiros estão nele. E destes 4,3%, 90% são brancos. O que podemos aprender e entender com estes números?
Que o Negro não está na Escola.
O Negro potencializado pela pobreza abandona a escola por “N” questões. Sobrevivência, ajudar os pais a buscar renda, aliciamento pela violência, criminalidade, falta de perspectiva dentro de um ambiente prejudicado, e a maioria não acredita que esta educação oferecida vai oferecer um futuro melhor. Muitas das vezes a oportunidade do crime é mais sedutora que o estudo.
O incentivo para pessoas pobres permanecerem na sala de aula não existe. É preciso cruzar programas sociais e de fato oferecer uma educação básica com qualidade, para que pobres, pretos ou brancos, possam ter condições de buscarem suas oportunidades com suas próprias pernas.
Não temos uma qualidade em nossa educação básica, e querer incentivar no período da faculdade apenas, é o mesmo que querer construir uma casa começando pelo telhado.
Nosso maior desafio é tornar a educação agradável para o aluno, e isso só será possível com a valorização da pasta educação. Valorizando professores e todos os profissionais na educação, mas não no discurso, e sim na prática. Todos os países da OCDE valorizam a figura do professor.
Enquanto o jovem negro não estiver na sala de aula, ele dificilmente vai ocupar cargos de lideranças e lugares de destaque em nossa sociedade.
Educação de qualidade a todos, e principalmente para aquele que mais precisam.
Quem tem mais fome tem que ter mais comida e ter comida todos os dias.
Edson Japão / Alessandro Damin
Créditos: Trilha de Favela
Edson Japão, 43 anos, administrador, empreendedor social, formado pelo RenovaBR e Falcons University, criador do Instituto EuAchoUmAbsurdo, co-fundador do Instituto Evoluir, autor do livro A Escada e operação do União SP.