Manifestação pede a permanência da maternidade no Hospital municipal Vila Santa Catarina, local é referenciam em prematuros
Segundo a Secretaria de Saúde, unidade passa por readequação para ampliar vagas para atendimento oncológico; Prefeito Ricardo Nunes diz que transferência dos leitos vai ser gradativa. Hospital fez parto da menor bebê registrada em hospital público dentro do Brasil este ano.
“Queremos esclarecer que aqui ninguém é contra a ampliação de leitos oncológicos, precisa aumentar mesmo, é necessário no município. Não queremos rivalizar serviços. Leito oncológico é importante e leito para gestantes de risco e bebês prematuros também. Queremos os dois serviços no território”, esclareceu Flavia Anunciação, secretária de Trabalhadoras(es) da Saúde do Sindsep.
A gestão justifica que para ampliar o número de leitos e vagas para atendimento de pacientes com câncer, tem que fechar a maternidade. Com isso, gestantes das regiões Sudeste e Sul da Capital estão sendo “empurradas” para fora de seu território para receber atendimento.
Na carta aberta entregue à população, “Prefeito Ricardo Nunes fecha maternidade Vila Santa Catarina”, o Movimento Popular de Saúde cita unidades oferecidas pela gestão para acolher as gestantes da região, distantes até 25 quilômetros. Entre elas, Hospital Geral Pedreira (5 km), Hospital Municipal Guarapiranga (18 km), Hospital Municipal Parelheiros (24,5 km), Amparo Maternal (8 km), Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvea (14 km).
João Mariano, morador do Jabaquara há 54 anos e militante do Movimento Popular de Saúde, defendeu em sua fala 63 comunidades carentes da região do Jabaquara, Cidade Ademar e Pedreira, que somam em torno de 720 mil pessoas que serão impactadas e não terão como se deslocar para as alternativas apresentadas pela prefeitura.
Maria do Carmo, moradora da região há 40 anos, reclamou sobre a falta de portas de atendimento SUS no território. “A maternidade do nosso bairro não pode ser fechada. Não vamos descansar enquanto não tivermos nossa maternidade em nossa região atendendo”_, enfatizou.
“Não somos contra a oncologia, mas não queremos que feche a maternidade. Será que é viável deixar uma gestante percorrendo duas horas de carro para fazer seu parto? Esses 33 leitos que aqui estão foram [transferidos] do Hospital Saboya. Após seis anos de luta conseguimos reabrir esses leitos aqui, mas a OSS Albert Einstein quer acabar. Eles nunca quiseram urgência, emergência e nem maternidade”, denunciou, ao informar que o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, se nega a dialogar com a população.
O Hospital é considerado referência no atendimento de bebê prematuro, vai desativar os leitos da maternidade. Os partos serão feitos até agosto e os exames de pré-natal de alto risco até setembro.
Em abril deste ano, a unidade foi destaque após profissionais realizarem o parto da menor bebê já registrada em hospital público dentro do Brasil. Camila Soares, a mãe, chegou ao hospital com seis meses de gravidez e pressão alta. Emanuelly nasceu com 335 gramas e 25 centímetros.
Segundo a Secretaria de Saúde, o hospital passa por uma readequação “para ampliar o número de leitos e vagas para atendimento oncológico”. Com isso, os leitos da maternidade serão redirecionados para pacientes com câncer.
“A unidade, que é o único hospital oncológico de alta complexidade da rede municipal, realiza mais de 10 mil consultas, 4 mil exames e 400 cirurgias nessa especialidade, inclusive com robôs com tecnologia de última geração”, informou a secretaria.
Ainda conforme a pasta, de janeiro a junho deste ano foram atendidas cerca de 870 gestantes no pronto-socorro obstétrico da unidade por mês, 137 no ambulatório de alto risco e feitos 162 partos no mesmo período.
Neste sábado (15), durante a inauguração da ampliação do Parque da Independência, também na Zona Sul, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que a transferência dos leitos vai ser gradativa e defendeu a readequação do Vila Santa Catarina por ser o único hospital oncológico municipal.
“Lá são 10 mil consultas que a gente faz por mês, 4 mil exames e 400 cirurgias, na área oncológica, inclusive com robô. Então, essas mamães que estavam fazendo, que fariam as ações para maternidade lá, farão em outras hospitais da rede municipal. Então, não existe perda para o atendimento de maternidade. O que existe é uma ação de estratégia para criar os leitos oncológicos num hospital que era referenciado e é referenciado para oncologia”.
A Secretaria de Saúde também ressaltou que a capital paulista conta com 30 maternidades referências, inclusive para partos de alto risco, totalizando 1.200 leitos para o atendimento.
“A rede municipal de saúde conta o Hospital Municipal e Maternidade Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva – Vila Nova Cachoeirinha, referência para o atendimento de casos de bebês diagnosticados, no ultrassom obstétrico, com má formação na coluna e sistema nervoso central. O hospital é preparado para fazer cirurgia intrauterina. Até o momento, já foram realizados oito procedimentos no hospital”, diz a nota.