Dia Mundial do Doador de Sangue: veja como uma bolsa colhida pode salvar até 4 vidas
“Não é um bicho de sete cabeças. É tranquilo, é apenas tirar sangue.” Foi com esse pensamento que a atendente de telemarketing Fernanda dos Santos Silva, de 26 anos, foi doar sangue pela primeira vez. E o que muitas pessoas não sabem é que uma doação pode salvar muitas vidas.
Fernanda sempre quis ser uma doadora. Contudo, por algum tempo, não atingiu o peso mínimo exigido de 50 quilos. Recentemente, ela conseguiu ultrapassar a marca e correu para fazer a sua boa ação.
O processo foi rápido. No último dia 25, ela visitou o site da Fundação Pró-Sangue e fez o agendamento. No dia seguinte, chegou ao posto Clínicas às 10h, passou pela triagem e foi liberada para a coleta de sangue, que durou pouco mais de 10 minutos. Fernanda saiu de lá satisfeita e disse que iria incentivar os amigos a também doarem. O sangue doado, no entanto, ainda vai passar por várias etapas antes de ajudar quem mais precisa.
Com a coleta de uma bolsa de aproximadamente 450 ml, o sangue passa por um processo de separação de hemocomponentes. Uma única bolsa se transforma em outras quatro: uma de hemácias, uma de plaquetas, uma de plasma e outra de crioprecipitado – uma fração do plasma fresco congelado. Isso permite que mais de uma pessoa seja beneficiada com apenas uma doação.
Em seguida, as bolsas de sangue são armazenadas e passam por testes sorológicos e imuno-hematológicos para garantir a segurança até a transfusão. Ali, são realizados os exames de tipagem e outros relacionados a doenças transmissíveis pelo sangue. Se os resultados indicarem que está tudo em ordem, o sangue está pronto para ser encaminhado aos hospitais abastecidos pela Pró-Sangue, ligados ao Governo do Estado.
Todos os hemocomponentes são aproveitados. Eles podem ser usados para tratar, por exemplo, anemia, deficiência de fibrinogênio ou pacientes com número muito baixo de plaquetas ou que estão passando por quimioterapia.
No estado de São Paulo, a Fundação Pró-Sangue é centro de referência da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). A instituição é ligada à Secretaria de Estado da Saúde, ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e atende a 80 instituições de saúde.
O médico hematologista da Pró-Sangue, Dr. Carlos Roberto Jorge, afirma que a unidade recebe todos os tipos de doadores e as bolsas doadas são direcionadas a todo tipo de paciente. “Desde aqueles que precisam do sangue para se manterem vivos, ou após acidentes, vítimas de traumas, vítimas de ferimentos, além dos procedimentos bastante complexos como transplantes.”
Dr. Jorge, no entanto, alerta que os níveis de doação caíram muito desde o início da pandemia. “Tomara que nós nunca precisemos receber transfusão de sangue. Mas, se um dia for necessário, o banco tem que estar em dia”, acrescenta.
A meta da Pró-Sangue é coletar 9,5 mil bolsas por mês para o abastecimento da rede estadual de saúde. De 2022 para cá, esse número foi atingido somente 2 vezes: em dezembro de 2022 e março de 2023. E isso reflete em baixa de estoque nos meses subsequentes.
Doações
A Pró-Sangue possui seis postos de coleta em São Paulo, Guarulhos, Osasco e Barueri. O agendamento é obrigatório e pode ser feito online.
Para doar, a pessoa precisa ter, no mínimo, 50kg, e entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos devem possuir consentimento formal do responsável legal). Também é necessário estar alimentado e evitar o consumo de comidas gordurosas nas quatro horas anteriores. O doador precisa estar em boas condições de saúde e apresentar documento original com foto recente, que permita a identificação.