QUAL SERÁ O FUTURO DE NOSSA SOCIEDADE?

Uma coisa que tenho notado, nos últimos tempos, é a alienação da juventude em relação à sua formação acadêmica. No geral, não importa se estes vem da rede de ensino pública ou privada, a sensação que passa é que  eles não fazem a menor ideia do que estão fazendo, para que estão se preparando…

É comum você perguntar a um jovem sobre seu nível de instrução e o mesmo ficar com cara de apalermado, sem saber exatamente qual o teor de sua pergunta. Se ele diz que está cursando determinada série e você perguntar “do quê”, seu olhar de surpresa pela interpelação ficará mais evidente, e o mesmo simplesmente não consegue responder. Ou seja, não faz a menor ideia do que está fazendo na escola…

Pode ser os tempos modernos, não sei… talvez a tecnologia esteja emburrecendo as pessoas. Claro que não dá para generalizar. Porém…

Quando você pede para um jovem escrever alguma coisa e vai examinar sua caligrafia, meu Deus do Céu… se não estiver preparada para o que seus olhos verão, o choque será grande. Porque além de uma caligrafia horrível, onde você quase não consegue entender o que está escrito, na maioria das vezes as frases estão soltas e não fazem sentido algum, ao menos para você. Ou seja, embora inteligentíssimos, capazes de criar mundos e fundos usando os recursos da informática, quando precisam apelar para o “trabalho braçal”, ou seja, colocar suas ideias no papel, enfrentam mil dificuldades…

Nos dias de hoje é difícil um estudante usar letra cursiva… aparentemente eles não sabem usar esse tipo de caligrafia. Na verdade, nem mesmo a famosa “letra de imprensa” fica legível em seus escritos. Simplesmente estamos voltando à era em que poucos sabiam escrever de verdade…

E de quem é a culpa por tais acontecimentos? Da Sociedade em geral. Iniciando por seus genitores, que não lhe dão atenção necessária quanto à sua formação, até o Estado que, mais do que permitir ao aluno aprender de verdade as matérias que lhe são expostas, somente se interessa em apresentar números dizendo que “está combatendo o analfabetismo”…

A muito que as escolas deixaram de ser um “templo de aprendizagem” para se tornarem uma reprodução em miniatura de reformatórios, daqueles que costumamos ver em filmes na TV… portas gradeadas são necessárias, para que não vandalizem o prédio em que estudam…

O maior problema, nos dias atuais, é que a Família, por motivos diversos, resolveu “terceirizar” a educação das crianças. Se esquecem que o início da formação de uma pessoa começa em casa, onde aprendem as primeiras noções de cidadania… o respeito pelas pessoas e pelas instituições…

Talvez, para compensar a sua ausência na formação dos jovens nos dias de hoje, os pais tentem assumir uma posição “super  protetora” quando seus rebentos cometem alguma infração no âmbito escolar …  a falha é sempre da instituição, não do jovem infrator…

Envoltos em seus próprios problemas, a maioria dos pais acaba por deixar seus filhos ao Deus dará… o Mundo deverá cuidar destes… e sabe o que é pior?  “O Mundo” acaba cuidando… mas não da maneira que seria esperado…

É complicado falar… e julgar… as ações dos responsáveis por aqueles que estão em formação. Porque, no final das contas, o que está em jogo é a sobrevivência imediata. Os genitores têm que garantir a subsistência de seus rebentos… e a sua própria. Saem bem cedo de suas casas e retornam quando a noite já está dominando o horizonte… o cansaço os impede de cuidar de sua prole. E quando, acidentalmente, se cruzam pela sala ou cozinha, se surpreendem ao ver o quanto suas crianças cresceram…

Saímos de um modelo de Família, onde a mulher era a principal responsável pela educação dos filhos e estamos em um momento de transição…   simplesmente não temos nenhum norte que nos diga qual direção tomar… a sobrevivência está em primeiro lugar, e contra fatos não há argumentos, não é mesmo?

Cada geração tem uma missão a cumprir, que é preparar a próxima para o papel que ela irá desempenhar… seguindo esse critério, a nossa geração falhou miseravelmente. Porque simplesmente não conseguimos dar aos brotos entregues a nossa responsabilidade uma educação formal que pudesse realmente conduzi-los a um futuro melhor… certo, estamos vivendo na Era do Conforto, com todas as comodidades que o avanço tecnológico pode nos oferecer. Mas…

O que podemos esperar de uma geração que parece perdida no infinito? Que sabe muito sobre o mundo cibernético mas não tem a menor noção sobre alguns princípios básicos da vida em Sociedade, simplesmente porque tais informações lhes foram negligenciadas?  Podemos até apontar o dedo para esses futuros cidadãos, imputando-lhes uma culpa que, sabemos, não é deles… ou podemos tentar mostrar-lhes o verdadeiro caminho da Luz…

Não é uma empreitada simples… mas quanto mais tempo deixarmos nossos jovens à margem de tudo aquilo que realmente é importante, mais próximos da barbárie estarão. E chegará o dia em que nossos rebentos serão dominados por aqueles que tiveram a oportunidade de ser educados de verdade, tanto para galgar níveis na escala social quanto para entender que educação formal é uma necessidade real e que sem ela somos apenas peças descartáveis no grande Jogo da Vida…

Tania Miranda   –    Brasil    –     29/08/2025