DESTINO OU LIVRE ARBÍTRIO?
Ao chegarmos nesse plano, um leque de opções se abre para nós. Vários são os caminhos à nossa frente. E cada passo dado nos direciona a determinado objetivo. Sim, nossas escolhas definem nosso destino… e nosso destino determina nossas escolhas…
É um paradoxo, não é mesmo? É mais ou menos como determinada propaganda de uma marca de biscoitos… ou bolachas, depende de como você deseja chamar tal guloseima… você está envolvida em uma fita de Möebius e, por mais que tente sair, descobre que tal possibilidade não existe…
A vida é planejada em seus mínimos detalhes… e esse planejamento não é feito por nós. É como se fôssemos personagens de um romance e a ação de cada um tivesse sido traçada de tal forma que parecesse a este que o livre arbítrio era uma opção… mas que, por mais que remássemos contra a maré, descobriríamos que não tinha como seguirmos um caminho além daquele destinado a nós…
Sim, eu sei que o senso comum é de que você faz seu próprio destino. Mas… será que faz, mesmo? Se tal fosse realmente possível, ninguém estaria vivendo em situação periclitante. Afinal quem, em seu juízo perfeito, abriria mão de uma vida tranquila e confortável para ficar à margem da Sociedade? Quem, por livre e espontânea vontade, escolheria seguir um caminho onde as pedras a fazem tropeçar a cada passo? Masoquismo não faz parte de nossos instintos primevos…
Desde o momento de nosso primeiro vagido somos direcionadas a determinadas ações que nos levarão a um caminho que, aparentemente, foi nossa escolha… ou seja, resolvemos que nosso desejo é sofrer por determinada atitude que tomaremos. “Ah, mas você não pensou nas consequências quando resolveu seguir tal caminho”… exatamente! Simplesmente pegamos determinada rota e a seguimos. O que nos espera no final dessa jornada? Não temos a menor ideia, não importa se essa trilha nos promete o sucesso ou o fracasso…
Um jovem que se envereda pelo mundo das drogas… será que realmente teve uma escolha, ao dar seu primeiro passo para tal destino? “Ah, mas ele foi cooptado por outros viciados… o traficante o viciou, para poder lucrar com sua fraqueza”… uma jovem que resolve se prostituir para ganhar seu sustento… será que ela realmente queria seguir tal caminho? “Ah, ela resolveu seguir uma vida fácil, onde não houvesse preocupações de nenhum tipo”… deu para perceber o paradoxo de tal linha de pensamento? Nenhum dos dois marginais desejam a vida que “escolheram”… simplesmente foram pegos pelo destino e jogados no grande tabuleiro da vida, onde devem representar seus personagens até a ultima instância…
Mais um exemplo? Os moradores de rua… “sem teto” ou “homeless”, como chamamos nos dias de hoje… nenhum deles vive dessa maneira por escolha própria. Circunstâncias diversas os levaram a tal situação. O mesmo se aplica a moradores de cortiços e favelas. Embora estejam um pouquinho melhor que os sem teto, ainda estão à margem da Sociedade. E não por vontade própria…
Sim, há aqueles afortunados, que se encontram no topo da Escala Social. Mas é uma fração bem pequena da Sociedade. E mesmo eles também tem seus problemas. Claro que a gente costuma dizer que “ter problemas tendo posses é bem mais fácil de viver que ter problemas sem o vil metal”… mas a vida não é assim…
Claro, o dinheiro facilita, e muito, nossa passagem por esse plano. Mas ao mesmo tempo que é um facilitador, também cria vários problemas… o primeiro deles é a total alienação em relação às outras pessoas que circulam ao seu redor. Pelo fato de estar alguns patamares mais elevado que a maioria, costuma desdenhar essas, e acredita piamente que estão ali apenas para servi-lo, pois se ainda não alcançaram o sucesso financeiro tal se deve à sua preguiça inata… não se esforçaram o suficiente para mudarem de extrato social…
Não estou dizendo que todas as pessoas que se encontram no topo segue essa linha de pensamento… mesmo porque não costumamos seguir linha alguma. Simplesmente reagimos sob certas circunstâncias. Se nos forem favoráveis, a reação é positiva, é claro. Se estas não nos forem como esperamos, bem…
Por mais que digamos que seguimos um plano, nem sempre tal é verdade. Porque há milhares de variáveis que podem fazer com que todo o nosso planejamento se torne fumaça espalhada pelo vento. Claro, alguns conseguem chegar ao final da trilha. Mas…
Devemos, então, desistir de nossos objetivos? Claro que não. Afinal, não sabemos o que nos aguarda na próxima esquina da vida. Sim, podemos ter várias surpresas desagradáveis em nossa caminhada… mas não temos como saber se o próximo passo é aquele que nos levará ao Nirvana…
Devemos sempre dar o nosso melhor em nossa caminhada. Um passo por vez, com calma. Seguir sempre em frente. Ajudando aqueles que seguem ao nosso lado, cuidando de todos, protegendo-os das agruras que porventura encontrarmos à frente. Porque, embora não saibamos qual o nosso papel no Grande Teatro da Vida, devemos seguir à risca o roteiro que nos foi entregue. Não sabemos quanto tempo nos será permitido permanecer no palco, sob as luzes da Ribalta…
Sigamos sempre a Luz que ilumina nosso caminho. Eu sei que algumas vezes a vontade de desistir de tudo é grande, e aí não importa em qual extrato social você se encontra… as armadilhas estão espalhadas por todo lado que nos virarmos. São iscas atraentes, e seu objetivo principal é nos fazer cair em tentação…
“Mas… espera aí… você não disse que nosso destino já está traçado? Então se eu cair em tentação é porque tal foi definido para mim e não tenho como escapar”… é confortável pensar assim, não é mesmo? Mas, como eu disse, não sabemos o que o futuro nos reserva. Então, temos que lutar até o último suspiro para que possamos trilhar o caminho da Luz… e um dia alcançarmos o Nirvana…
Nossa missão principal? Iluminarmos o caminho daqueles que se encontram desgarrados, para que esses também possam usufruir, ao nosso lado, da Felicidade Suprema que nos aguarda do outro lado do véu da existência… afinal, o Altíssimo não nos presenteou com esse Dom maravilhoso que é a vida, para simplesmente extingui-la como a chama de uma vela…
Tania Miranda – Brasil – 23/07/2025

Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…
