NOS SENTIMOS ESTRANGEIROS QUANDO NÃO QUEREMOS ESQUECER NOSSA TERRA NATAL
O maior medo de uma pessoa é perder sua identidade. Quando alguém muda de região, mesmo que permanecendo em um novo local por décadas procura, desesperadamente, manter suas raízes. Não é com todas as pessoas que tal acontece, é claro. Mas alguns indivíduos estão tão arraigados em suas tradições originais que mesmo longe de seu local de origem procuram manter a mesma rotina de antes, os mesmos costumes, o mesmo sotaque ao falar…
Não raro, tais pessoas procuram desesperadamente outros oriundos de seu torrão natal. Precisam encontrar seus iguais na mesma proporção que precisam respirar. Não conseguem entender que, se uma diáspora houve, os destinos de cada um seriam os mais variados…
A procura por algum parente, mesmo que distante, se torna uma obsessão para a pessoa. Porque ela quer fortalecer seus laços de sangue, mesmo que em terra estranha. Que não deveria ser considerada assim, visto que é o local em que a pessoa vive. O problema é que ela não consegue se identificar com as pessoas, com os novos costumes, mesmo que depois de algum tempo não sejam assim tão novos…
Tudo aquilo relacionado à sua terra natal é maravilhoso, perfeito. Sua cidade é a mais bela, limpa e ordeira. Essa é a imagem que a pessoa faz de seu torrão natal, e é essa a visão que carrega no peito. E ninguém poderá convencê-la do contrário, porque ela sabe que vem de um lugar onde tudo, absolutamente tudo, funciona a contento. Não é que ela não goste do local onde tem que morar, pois por motivos diversos, ainda não conseguiu retornar ao seu ponto de origem. Ela detesta, mesmo. Tudo o que tem para usufruir não lhe dá satisfação. Porque, para essa pessoa, o Paraíso Terrestre existe, e tem o nome da cidade onde nasceu…
O maior prazer desta é ouvir histórias sobre sua terra. Saber o nome das pessoas que de lá se originaram e tentar, desesperadamente, criar uma linha de parentesco com estas… É claro que tal associação é difícil de acontecer… mas é o sonho da pessoa…
Nada em seu local de morada atual presta ou funciona a contento. E tudo o que esta faz é sonhar o tempo todo, de olhos abertos, pensando na paisagem que tanto deseja conhecer, mais que rever…
Seus passos no dia a dia são pesados… pois não é seu desejo ali permanecer. Quando se encontra com outros oriundos de sua região, que alegria para ela. Não mais se sentirá estrangeira em terra estranha… pois não importa a quanto tempo mora em tal local, para ela será sempre uma terra estranha, não conseguirá se ver pertencendo a este…
Infelizmente esse sentimento é mais comum do que seria desejável. E acaba acarretando distúrbios mil, onde há o despertar de um sentimento perigoso ao extremo… a xenofobia…
As pessoas se esquecem que, não importa sua origem, são cidadãs do mundo. Porque o mundo, tal e qual foi criado, não é constituído de barreiras intransponíveis que impeçam quem quer que seja de ir de um a outro local. O que não permite às pessoas viverem como nômades é o vil metal, que acaba por tornar difícil para alguém que não dispõe de certa estabilidade financeira, o simples ato de se mover de um canto ao outro nessa vida…
E assim a pessoa acaba por criar, à sua volta, seu próprio mundo onde tudo correrá de acordo com seus planos… ou pelo menos pensa assim… a volta para sua terra de origem continua no mundo dos sonhos e, embora deteste o local onde vive, terá que permanecer onde está até que a maré de sorte mude… ou que sua viagem chegue ao fim…
Tania Miranda – Brasil – 16/047/2025

Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, “Tirésias, a dualidade da alma humana”(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e “A volta do Justiceiro”, romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog… (taniamirandablog.blogspot .com)… sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade…
