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A GUERRA DOS OITENTA E SETE DIAS

Corria o Ano de 1932. A insatisfação dos Paulistas com relação ao Governo Central, conduzido por Getúlio Vargas com mão de ferro era latente. A Republica Café com Leite se findara… São Paulo não tinha mais a importância de outrora, quando seus cafezais sustentavam a Política do Distrito Federal…

Podemos dizer que, na verdade, o estopim para a Revolução de 1932 começou bem antes, no ano de 1929, em terras estrangeiras. Devido a vários fatores, entre eles o final de 1ª Guerra Mundial na Europa, a queda da Bolsa de Valores e, em virtude destes e outros fatos, o preço do Café caiu no Mercado Internacional. E temos que nos lembrar que a Economia Brasileira era calcada na Indústria Agrícola. Com a queda dos preços, a Economia Nacional também despencou, visto que o número de Exportação do principal produto caiu drasticamente.

Aliado a isso, houve a Revolução de 1930 onde depuseram o Presidente da Republica, Washington Luis e impediram que Julio Prestes, eleito em março de 1930, assumisse seu posto. Em seu lugar criaram o Governo Provisório, empossando Getúlio Vargas como mandatário maior do país.

Devemos salientar que a maioria dos Presidentes Estaduais (hoje usam o título de Governadores) foram depostos, o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas, além de que a Constituição de 1891, vigente até então, foi cassada. Quando assumiu o cargo de Presidente do Governo Provisório, com amplos poderes, em novembro daquele ano, Getúlio assumiu o compromisso de convocar novas eleições e formar uma Assembleia Nacional Constituinte, para promulgar uma nova Constituição. Porém não foi isso que aconteceu, na prática.

Devido à indefinição no cumprimento das promessas, houve um sentimento de frustração, acumulado com o ressentimento contra o Governo Provisório, principalmente  no Estado de São Paulo. Getúlio governava de forma discricionária por meio de decretos, sem o respaldo de uma Constituição e de um Poder Legislativo. essa situação fez com que os estados brasileiros perdessem a autonomia que possuíam durante a vigência da Constituição de 1891, visto que os interventores indicados por Vargas, em sua maioria tenentes, não correspondiam aos interesses políticos locais.

Para São Paulo foi designado o Tenente João Alberto Lins de Barros, tratado pejorativamente pela Oligarquia Paulista como “forasteiro e plebeu” ou “o pernambucano”. Quando a crise econômica se agravou, derrubou os preços internacionais do café e arruinou a Oligarquia Paulista.  Aí começou a primeira grande revolta contra o Governo de Getúlio Vargas.

A morte de quatro jovens por tropas getulistas em 23 de maio de 1932 deu inicio ao levante armado em 9 de julho daquele ano. Após a morte dos jovens foi organizado um movimento clandestino, denominado MMDC, que começou a conspirar contra o Governo de Vargas.

Quando a revolta contra o Governo Provisório de Vargas se concretizou e os paulistas pegaram em armas, havia a expectativa da adesão automática de outros Estados, uma vez que a insatisfação contra Vargas era geral. Porém não foi isso o que ocorreu. São Paulo esperava um conflito rápido, onde suas tropas mais as dos aliados, seguiriam para a Capital e deporiam o Presidente… por esse motivo, não foram organizados sistemas defensivos em suas fronteiras, pois não esperavam ofensivas militares dos Estados vizinhos… e Getúlio teve tempo de articular uma reação militar, sufocando a Revolução ainda em seus estágios iniciais…

Com essa reviravolta, São Paulo foi obrigado a improvisar, em um curto espaço de tempo, um sistema militar defensivo em suas fronteiras contra a ofensiva de tropas de todos os Estados Brasileiros, com exceção do sul do Mato Grosso. E assim, após 87 dias de combates intensos nos quatro cantos do Estado, a guerra civil se findou no dia 2 de outubro de 1932, com  a rendição do Exército Constitucionalista.

Apesar da derrota militar, São Paulo conseguiu algumas vitórias posteriormente, como a nomeação de um interventor civil e paulista, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição em 1934.

E assim terminou a aventura paulista, onde lutamos por nossos direitos e conseguimos algumas vitórias. Claro que a história não termina aí… as sequelas dessa luta interna continuaram por gerações e até nos dias de hoje ainda há reflexos da mesma, principalmente nos recônditos do Estado… mas essa já é outra história…

Tania Miranda
Tania Miranda

Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, "Tirésias, a dualidade da alma humana"(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e "A volta do Justiceiro", romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog... (taniamirandablog.blogspot .com)... sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade...

Tania Miranda

Trabalho como Agente de Organização Escolar (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) embora no momento esteja prestando serviço junto ao TRE, no Cartório Eleitoral como Auxiliar Requisitada. Gosto de escrever, tenho dois livros publicados, "Tirésias, a dualidade da alma humana"(autobiografia), pela Editora Verso e Prosa e "A volta do Justiceiro", romance explorando o folclore brasileiro, publicado pela UICLAP. Publico crônicas diariamente em alguns grupos, meu perfil e meu blog... (taniamirandablog.blogspot .com)... sou casada, tenho quatro filhos e dois netos, sendo que minha neta mora comigo desde os três meses de idade...

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