Livro traz relatos de pessoas que convivem com o HIV em São Paulo
Editada pela Coordenadoria de IST/Aids da Prefeitura de São Paulo, obra conta nove histórias de cidadãos e de trabalhadores em saúde
Produzido em uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, por meio da Coordenadoria de IST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o livro “Entre tantos”, obra que reúne nove histórias de pessoas que vivem e convivem direta ou indiretamente com o HIV na cidade de São Paulo está disponível para download gratuitamente.
Thaís, Cícera, Márcia, Rosana, Thiago, Jair, Tábata, Welton, Gil. Os personagens, reais, são pessoas que têm alguma relação com o vírus ou trabalham com IST/Aids dentro dos equipamentos da rede municipal de saúde. Eles contaram suas histórias ao jornalista Christian Carvalho Cruz, que redigiu os textos em primeira pessoa, conduzindo a uma leitura atenta e afetiva.
“Ao revelar identidades, sonhos, desafios e conquistas, a obra humaniza conceitos, dados e informações comumente tratados como estatística”, comenta Cristina Abbate, coordenadora de IST/Aids. Por meio da expressão individual de cada personagem, “Entre tantos” também permite estabelecer relações de identificação e empatia que levam a um novo conhecimento, mais sensível e aprofundado, sobre o tema.
Veja um trecho de “Os veres e desveres de Thaís”, um dos relatos que integra “Entre tantos”:
Não sentia raiva, só solidão. Saía pouco de casa, não tinha amigos, amigas, nem com quem conversar. Foi tanta violência e tristeza que aos 15 eu decidi vir pra São Paulo. Uma tia vivia aqui e minha ideia era estudar e, no meio de tanta gente, ser alguém: eu. Mas claro que a cidade grande que eu via na minha imaginação, um lugar com possibilidades, com oportunidade de trabalhar, de respirar, nada tinha a ver com a realidade. Eu logo descobriria a diferença básica entre Cansanção e São Paulo. Se lá as pessoas não queriam me ver porque não entendiam o que viam, aqui elas entendem perfeitamente — e por isso não querem me ver. Muitas também porque não querem se ver. Pois elas que se resolvam.